Férias grandes

dois meninos a correr na praia

Chegaram as tão desejadas férias “grandes” e com elas, os momentos descontraídos e de lazer. A praia, como cenário principal, o quebrar com as rotinas, com as preocupações e aproveitar para estar com aqueles de quem gostamos, familiares e amigos.

Ainda que as férias de Verão possam já não ser assim para todos nós, pelo menos, não por um período tão longo como dantes, fará sempre parte do nosso imaginário um quadro semelhante que nos remete necessariamente para a nossa infância.

Agora, os pais também têm a preocupação de ocupar as férias dos filhos com mil e uma atividades, de modo a que, para além de ocupados, possam ter dias preenchidos, com atividades diversificadas e de qualidade, que possibilitem acrescer valor à educação dos filhos.

Por vezes, pode haver uma grande pressão sentida pelos pais no sentido de terem de organizar umas férias muito preenchidas para os filhos, parecendo existir um sentimento culpabilizante (acompanhado de alguma angústia), se não conseguem ocupar todo o tempo livre dos filhos. Existe, de facto, o receio de que estes passem momentos aborrecidos consigo próprios e que isso possa ser prejudicial ao seu desenvolvimento (cognitivo, social e afetivo) ou mesmo colocar em causa a competência dos pais num processo mais dinâmico e exigente que pode ser encarado como regra, não tendo necessariamente sempre que o ser.

Contudo, o primordial será que as crianças possam ter e disfrutar da companhia dos pais, familiares ou outros, de forma descontraída, passando inclusive pela realização de atividades muito simples. Se aqui e ali, entre uma coisa e outra houver espaço para sentir alguma frustração, estará a preparar o seu filho para a vida, proporcionando-lhe “ensaiar” possibilidades futuras, lembre-se disso.

Poderá até ser uma altura propícia para os pais transmitirem aos filhos parte da sua história pessoal e familiar, partilhando jogos e brincadeiras (exemplo: “macaca”) que tiveram na sua infância, deixando-lhes a mensagem, de que não são necessários brinquedos muito caros ou atividades fora do comum, pouco acessíveis e dispendiosas, para nos divertirmos e entretermos em tempos de férias.

As férias poderão ser uma boa altura para convívio entre avós e netos, tios e sobrinhos ou mesmo entre primos, aproveitando esses momentos para estreitar laços de quem não tem oportunidade para se encontrar e conviver durante o resto do ano.

O não ter nada muito definido pode ser promotor de alguma criatividade e abrir espaço à capacidade de improvisação da criança, revelando-se enriquecedor para o seu desenvolvimento intelectual.

Existem atividades simples que podem ser partilhadas em família, como por exemplo: a criança ajudar a fazer um bolo ou um salame ou ainda outras receitas na cozinha, fazer os gelados tradicionais com o pauzinho, de fruta ou com leite; ajudar a regar o quintal, aproveitando as atividades que envolvam água e ar livre para brincar (as crianças costumam gostar e aderir muito bem) ou outras atividades lá em casa. Ir à pesca com o avô ou ajudar a avó nas compras da mercearia, poderão ser outras alternativas. Se fizer um piquenique, no campo ou mesmo na praia, poderá combinar com a criança sobre o que levar, fazendo com que esta se sinta importante e animada, ajudando a encher o cesto. São permitidos jogos de cartas ou de tabuleiro, preferencialmente à sombra e ao fresco, a seguir ao almoço ou ao entardecer. Em casa, pode também recorrer a revistas velhas, fazendo cortes e colagens, ajudando a construir peças engraçadas ou valendo-se das tintas e dos guaches, expressando as emoções.

Se tiver possibilidade, poderá também recorrer às atividades radicais, como o surf ou outros desportos aquáticos. O importante é que essas atividades sejam sempre agradáveis, permitindo relaxar e repor energias para fazer frente a um novo ano de trabalho.

Fonte

Helena Coelho - Psicóloga Clínica