Temas Permitidos

senhora olha para o menino a mesa

Por mais difícil que possa ser, as questões que as crianças colocam deverão ser sempre respondidas com verdade, com linguagem clara e adequada ao que ela conhece e utiliza e limitando as respostas ao que é perguntado. Desta forma deixamos a criança assimilar a informação e elaborar a questão que se segue, e esse é o próximo degrau a subir no seu processo de aprendizagem.

Por vezes, são as próprias crianças a lançar perguntas mais ou menos desconcertantes e a apanhar os pais desprevenidos.

Noutros casos, somos nós que nos questionamos como e quando devemos esclarecer com eles certos temas que nos inquietam.

Seja qual for a situação, a criança deverá sentir-se à vontade para fazer as suas perguntas, num ambiente aberto à conversa, sem temas proibidos, de modo a que tudo aconteça da forma mais fácil e natural possível.

Assim, nunca é demasiado cedo para criar esta atmosfera, de modo a que, quando surgirem as primeiras questões, os filhos se sintam à vontade para as esclarecer perto daqueles em quem confiam, quer sejam os pais ou eventualmente e mais tardiamente, os seus professores.

Por mais que certos assuntos nos possam parecer pouco adequados, sobretudo para ter com os mais pequenos, a verdade é que, as crianças não estão alheias à realidade que as rodeia. Recebem informação através da televisão, dos filmes, das revistas, dos amigos, da escola e se não forem os pais a responder às suas perguntas, elas irão buscá-la a outro lado qualquer.

Podemos falar sobre tudo com as crianças mas sempre de acordo com a sua idade, respeitando as suas necessidades e a sua respectiva maturidade. Ou seja, devemos falar-lhes até onde elas possam entender, de forma a não lhes provocar uma angústia desnecessária, gerando confusão.

A verdade não será estanque. Com um ano de idade será uma, com dois anos outra e assim sucessivamente. As coisas vão-se construindo, vão evoluindo, a própria criança vai elaborando sobre isso e formulando por ela própria determinado conceito.

Devemos sempre, primeiro, começar por tentar perceber o que ela sabe sobre o assunto em questão, e aos poucos, pegando nas suas palavras, vamos fazendo ajustes e acrescentando pequenas ideias.

No entanto, devemos ir até onde a criança “pedir”, uma vez que é a própria criança que nos vai dando os “sinais”. Quando já está satisfeita, acaba por concluir, mudando de assunto (por exemplo).

Porque, por mais que os temas sejam dolorosos, o silêncio pode ser bem mais desastroso do que as palavras, sendo o que não se expressa vivido como negativo, vergonhoso ou algo sobre o qual não se deve falar.

Naturalmente, nem sempre temos uma resposta para dar a todas as questões!

Não dominaremos todos os assuntos ou estaremos sempre à vontade com determinado tema, não tendo que responder a tudo sem excepção. Podemos inclusive, dizer que ainda não havíamos pensado sobre esse assunto e que mais tarde lhe damos uma resposta, ou mesmo procurar conjuntamente a resposta com o seu filho.

Contudo, a franqueza tem um papel determinante na relação entre adulto e criança e será sem dúvida, de extrema importância, que aja esse espaço de abertura para que os assuntos possam ser abordados.

Assim, será fundamental que o seu filho sinta que há disponibilidade da sua parte e para tal, é muito importante ter tempo para estar com as suas crianças, possibilitando o surgimento das conversas.

Fonte

Helena Coelho (Psicóloga Clínica)