Pai és, avô serás!

Desde os tempos mais remotos, nas mais diferentes culturas e das mais variadas formas, os avós têm vindo a exercer uma influência muito grande na formação da personalidade dos netos.

São a imagem viva das tradições e memórias da família. Existem aspetos, histórias e características que só os avôs conhecem. A casa e as caixas da avó são sempre mágicas, a comida e os bolos da avó são sempre melhores, as histórias da avô têm sempre mais graça, aspetos estes, que fazem dos avós, seres privilegiados. Muitas vezes, transmitem conceitos morais e éticos para as crianças, que certamente serão lembrados por toda a sua vida adulta.

A relação com os avós tem uma componente lúdica, sendo muito rica e importante na capacidade de educar. Ocorre através da vivência transmitida, de gestos descontraídos e acolhedores, da disponibilidade e de tempo para estar junto, numa partilha de afetos e saberes.

Os avós têm, naturalmente, algumas vantagens em relação aos pais. Na verdade, pela própria idade, visto possuírem uma maior tranquilidade decorrente da sua maturidade, oferecendo melhores condições para um relacionamento positivo. Ao sentirem uma menor obrigação e responsabilidade, estão com os netos, muitas vezes, por opção própria e isso traduz-se geralmente em atividades de lazer, sendo o prazer um fator relevante. Por outro lado, ao já terem vivenciado o papel de educadores como pais, dá-lhes a vantagem de poderem avaliar criticamente as experiências anteriores, corrigindo ou compensando as falhas que identificaram.

Portanto, avós participativos são importantes não apenas para os netos, mas também para os pais. Então, valorize a sua presença e transmita ao seu filho a importância de respeitar os mais velhos, de ouvi-los com atenção e de ter paciência para com eles, aproveitando o presente para demonstrar aos avós, o quanto eles são importantes e amados!

No entanto, é muito comum ouvir-se que os avós deseducam os netos, que estragam a criança por serem mais permissivos, não impondo limites. Pode até ser que em alguns casos seja assim, mas nem sempre é! Dependerá da dinâmica familiar. O importante é saber como ajudar sem esvaziar a autoridade dos pais, mantendo uma distância saudável, pois alguns pais podem se sentir um pouco incomodados com a presença constante dos avós, sobretudo se esta for sentida como invasiva nas orientações educativas estabelecidas pelos principais educadores. Mas é, também, muito importante que os avós não sirvam apenas para quando os pais têm algum compromisso e precisam de alguém para ficar com as crianças.

São diversos os motivos positivos desta convivência entre netos e avôs, tanto para uns, como para outros, sendo momentos muito ricos para a vida de ambos.

Haverá certamente muito mais motivos positivos do que negativos. Ainda que os avós possam não ter a mesma vitalidade e energia de outrora, possuem geralmente, mais paciência e experiência para lidar com as crianças como já vimos. Para além de que, de algumas gerações para cá, as coisas mudaram muito. Hoje aquela figura da avó de cabelos brancos, fazendo tricô na cadeira de balanço é pouco comum. Com o aumento da expectativa de vida, os avós hoje têm muito mais energia e vitalidade para acompanhar as brincadeiras dos netos.
No entanto, é normal que pais e filhos tenham divergências quando chegam à terceira geração da família. A casa dos pais e a casa dos avós são, naturalmente, ambientes diferentes, assim como a escola e a casa.

Quanto mais variados forem os diferentes contextos nos quais a criança convive, melhor será, pois a diversidade de vínculos proporciona uma riqueza maior para a criança. Por isso, é importante que os pais estimulem a convivência com os avós e valorizem esta relação tão especial entre as crianças e os mais velhos, pois não só renova estes últimos como amadurece os netos, sem pressões de tempo ou obrigações de sucesso.

Fonte

Helena Coelho - Psicóloga Clínica