Vinculação - o que é?

senhora deitada com bebe ao colo

A teoria da vinculação e das perturbações da vinculação foi desenvolvida a partir de 1950 por John Bowlby. A vinculação precoce (0-3 anos) é um comportamento inato dos primatas e em particular dos humanos. Neste sentido, desde o nascimento e ao longo do primeiro ano de vida, o bebé começa a estabelecer uma relação privilegiada com o adulto que lhe proporciona cuidados básicos e desse modo, assegura a sua sobrevivência. Ao realizar com regularidade essas funções o adulto tenderá a tornar-se uma figura de vinculação. Será capaz de proporcionar uma base de segurança quando o bebé revela algum tipo de desconforto nomeadamente mal-estar ou medo. Depreende-se desta forma que a relação de vinculação poderá ser compreendida na medida em que o adulto seja capaz de garantir um ambiente seguro a um ser que procura protecção e que a percebe no outro que considera mais forte e mais apto. Trata-se pois duma relação assimétrica. Ainsworth (1985) clarificou este conceito com base nos seguintes critérios:

        · É persistente e não transitória;

        · Envolve uma figura específica e reflecte uma atracção que um individuo tem por outro indivíduo;

        · Trata-se de uma relação emocionalmente significativa;

        · O indivíduo deseja manter a proximidade ou contacto com essa figura, ainda que tal possa variar em função de vários factores, como a idade, o estado do indivíduo ou as condições do meio;

        · O indivíduo experiencia uma certa perturbação face a uma situação de separação involuntária e, sobretudo, quando deseja a proximidade e tal não lhe é possível.

A protecção baseia-se, essencialmente, na proximidade física e no contacto entre a mãe e o bebé nos primeiros anos de vida. Os comportamentos de vinculação têm por objectivo promover a proximidade e segurança nomeadamente o sorriso e a vocalização e mais tarde o agarrar e gatinhar visam o estabelecimento do laço ou vinculo.

relação de vinculação distingue-se das outras relações sociais por quatro características:

        · Reacções marcadas perante a separação involuntária.

        · Sentimento de segurança.

        · Comportamento de refúgio.

        · Procura de proximidade

 

Desenvolvimento do sistema de vinculação:

Dos 0 aos 6 meses:

O bebé põe em acção os processos de discriminação em que discrimina a mãe de entre todos e mais tarde por volta dos 6 meses discrimina o 3º elemento – o pai.

Dos 6 meses aos 3 anos

Entre os 7 e os 9 meses a criança distingue os familiares dos estranhos, nesta fase é natural que a criança não queira ir para o colo de estranhos – é bom que estranhe!

Nesta fase as crianças começam a entender as relações de causa efeito.

Após os 3 anos

A criança desenvolve uma vontade própria e uma compreensão das intenções do outro. O aumento das capacidades cognitivas da criança permite-lhe suportar o afastamento da figura de vinculação.

Tipos de Vinculação:

Vinculação Segura:

      · A criança utiliza a mãe como base de segurança a partir da qual explora o meio.

      · A criança chora com pouca frequência no entanto, nos momentos de separação mostra-se perturbada e não é
      reconfortada por outras pessoas.

      · Nos reencontros com a mãe, a criança saúda-a activamente, sinaliza-a e procura o contacto com ela.

      · Existe equilíbrio entre os comportamentos de vinculação e de exploração.

Vinculação Insegura Ambivalente:

      · A criança permanece junto da mãe, aparenta alguma ansiedade e explora pouco o meio.

      · Nos momentos de separação a criança mostra-se muito perturbada.

      · Nos reencontros com a mãe o comportamento da criança pode alternar, entre tentativas de contacto e contacto com
      sinais de rejeição (empurrar, pontapés…)

      · Após o reencontro com a mãe, a criança fica vigilante.

      · Os comportamentos de vinculação predominam face aos comportamentos exploratórios.

Vinculação Insegura Evitante:

      · A criança permanece mais ou menos indiferente quanto à proximidade da mãe e entrega-se à exploração do meio.

      · Na ausência da mãe a criança pode chorar ou não e, se ficar perturbada é provável que outras pessoas a
      consigam reconfortar.

      · Nos reencontros com a mãe, a criança desvia o olhar e evita o contacto com ela.

      · Os comportamentos exploratórios prevalecem face aos comportamentos de vinculação.

Vinculação Desorganizada:

        · O comportamento da criança parece não ter um objectivo claro ou uma explicação.

        · A criança executa movimentos incompletos, estereotipados e paragens.

        · A criança manifesta medo da mãe e alguma confusão ou desorientação.

 

vinculação segura proporciona à criança uma maior disponibilidade de fazer mais aprendizagens, uma vez que se sente segura, a criança canaliza a sua energia psíquica para a exploração do meio que a rodeia. As mães de crianças seguras revelam-se empáticas face às necessidades da criança, sendo que identificam os sinais da criança e reagem pronta e adequadamente à sinalização. Avaliam o cuidado a prestar à criança, principalmente, em função da situação e do temperamento da criança. São por norma mães disponíveis, carinhosas e cooperantes.

Fonte

Paula Caleça (Psicóloga Educacional)