Doenças de Comportamento alimentar

menina sentada com pernas cruzadas

 

O comportamento que implica a seleção e a ingestão de alimentos é aprendido e evolui, desde o início da vida humana, resultante de vários aspetos afetivos e sociais derivados da interação da criança com a mãe e a família.
Na infância, as preferências alimentares são determinadas pelo critério de “gostar”/”não gostar” mas na adolescência interferem razões diferentes que podem incluir as qualidades dos alimentos (aspeto, gosto, ser saudável, ser natural, ou não …), as consequências do seu consumo no padrão de peso, os antecedentes dos seus hábitos em criança e das influências familiares, os modelos juvenis, a influência dos grupos de adolescentes.
Há tendência, nesta etapa, a associar os alimentos a diferentes situações com vários significados emocionais; por exemplo, se sair com os amigos pode prevalecer o que o grupo escolher mesmo se essa não for a escolha individual de cada jovem.

As doenças de comportamento alimentar (DCA) são perturbações do foro mental caracterizadas por graves alterações do padrão alimentar normal e por profundas repercussões psicológicas vivenciadas pelo próprio e pela família.
Ocorrem, geralmente, na adolescência até ao início da idade adulta sendo as mais conhecidas:

  • Anorexia Nervosa, caracterizada por uma perda de peso exagerada e medo de voltar a ganhar peso (recusa em manter um peso corporal mínimo adequado para a altura/idade)
  • Bulimia Nervosa, que reflete uma preocupação exagerada e medo de ganhar peso (com episódios repetidos de voracidade alimentar seguidos de comportamentos compensatórios inadequados como vómitos auto-provocados, uso e abuso de laxantes, diuréticos e enemas, jejum, exercício físico excessivo).

O ciclo psicopatológico que pode determinar o aparecimento das doenças de comportamento alimentar inicia-se com:

  • um princípio de controle dos alimentos ingeridos (mesmo que o peso seja adequado),
  • a sensação de estar gordo/a,
  • uma alteração da sua imagem corporal (rejeição do que vêem), pelo medo de engordar.

O percurso é gradual e, na maior parte, escondido.
As dinâmicas familiares, geralmente, estão na génese e/ou na manutenção do quadro patológico implicando a participação do agregado mais próximo, com grande mal estar, na situação. Todos são, ao mesmo tempo, o problema e parte do problema mas, também, da solução, por isso importa que todos tenham empenhamento e participem no processo de mudança.
O tratamento baseia-se numa relação de confiança entre o jovem e o terapeuta (psicólogo/psiquiatra) e, idealmente, deve incluir terapia individual, familiar e/ou grupos de apoio (conduzidos por pessoas que tiveram a doença e a ultrapassaram).

Faro, Julho 2012