Sexualidade aos 12-15 anos

“Está naquela fase … É a idade do armário”… Quantas vezes não ouvimos já algumas destas expressões, vindas de quem atravessa com os filhos a conturbada fase da adolescência? Quantas vezes não pensámos para nós: “E agora, o que é que eu faço?”
Estas e outras ideias sempre estiveram (e continuam a estar) muito associadas ao processo de desenvolvimento adolescente, não facilitando uma adaptação mais positiva dos jovens e das famílias a tudo o que de novo e único acontece.
A adolescência traz consigo mudanças biológicas, intelectuais, emocionais e sexuais importantes que se traduzem em aquisições singulares no desenvolvimento humano, capazes de alterar profundamente quem somos, a nossa visão do mundo e o nosso relacionamento com os outros. A sexualidade não é disto exceção e, desde o momento em que as mudanças pubertárias ocorrem, surgem também as primeiras sensações relacionadas com o desejo sexual, a necessidade de relações íntimas de amizade e a experiência de emoções como o enamoramento e a paixão.
A masturbação é um dos comportamentos que começa a assumir novos contornos na adolescência, uma vez que aqui ganha intencionalidade erótica. É importante aos pais, a compreensão de que a masturbação é uma forma de satisfação do desejo, sem riscos, uma oportunidade de conhecer o próprio corpo e as sensações que provoca.
Na adolescência surgem também manifestações de desejo associadas a estímulos sexuais e começam a surgir as primeiras experiências sexuais ou, pelo menos, a curiosidade pela possibilidade de um encontro íntimo com o outro. Neste sentido, é fundamental apoiar os jovens na construção de atitudes responsáveis e conscientes no que às práticas sexuais se refere.
Ao reconhecer a importância da informação sobre contraceção, como prevenção das infeções sexualmente transmissíveis (VIH e outras) e da gravidez indesejada, de uma forma adaptada à maturidade e características de cada jovem, pais e educadores estão a possibilitar aos filhos a vivência de uma sexualidade mais saudável e positiva. Esta informação pode ser transmitida através das conversas informais, com temas do quotidiano, do acesso a livros, sites ou outros recursos, ou até da “sugestão” de uma consulta de planeamento familiar.
A par da noção da importância da adoção de comportamentos sexuais responsáveis, é importante a transmissão de que a vivência da sexualidade pode assumir diferentes expressões e que todas elas serão válidas, desde que ajudem o jovem a sentir-se pleno, seguro e feliz, naquelas que são as suas escolhas.
 


 

Fonte

Rita Guapo, Psicóloga da APF Algarve