Educação Sexual da criança com mais de 10 anos

A sexualidade é indubitavelmente uma dimensão inerente à nossa existência humana, acompanhando-nos durante toda a nossa vida.

Não podemos por isso considerar uma idade para o seu início nem tão pouco para o seu fim.

A criança vai sendo, desde o nascimento, alvo de uma educação sexualizada que contribui para a construção da sua identidade, cuja responsabilidade recai sobre todos os que com ela interagem, tendo a família, o papel de principal agente educativo.

Mas é a partir da pré-puberdade (9-10 anos) que se começa a dar a fase mais crítica do desenvolvimento psicossexual da criança. Muitas mudanças começam a ocorrer no seu mundo. As hormonas sexuais começam agora a ficar ativas provocando não só um conjunto de mudanças físicas, mas também um turbilhão emocional que se reflecte nas mudanças de humor, no surgimento de conflitos na família ou mesmo nos primeiros palpitares de coração, no primeiro beijo ou no tradicional “andar de mão dada”. A partir deste momento, o jovem começa também a demonstrar mais interesse pela sexualidade dos adultos, tentando por vezes junto do grupo de pares demonstrar conhecimentos sobre esse tema, nem sempre da forma que mais agrada os adultos.

Alguns mitos têm sido perpetuados contradizendo todas as evidências científicas nesta matéria. Falar sobre sexualidade não despoleta curiosidades inexistentes ou leva à busca precoce de experiências sexuais. A sexualidade não é algo que se possa ignorar ou anular através de silêncios convenientes ou fugas estratégicas. Pelo contrário, uma abordagem deste tipo cria nos jovens a percepção de que não é na família que deve procurar informação e orientação, fechando canais de comunicação, criando grandes dificuldades futuras no diálogo. A possibilidade de o jovem compartilhar com os seus educadores, sentimentos de fragilidade, ambivalência, estranheza ou ansiedade depende das oportunidades de diálogo que foram sendo desenvolvidas desde a tenra infância, assim como, da atitude que demonstram perante a sexualidade e a diversidade de opiniões e valores.

Mas há uma boa notícia… nunca é tarde de mais!

É importante que os pais possam reflectir sobre estas questões estando atentos e abertos ao diálogo, reflectir sobre valores e princípios que querem transmitir, as suas representações e expectativas e sobre os recursos que podem utilizar; é fundamental ouvir e mostrar disponibilidade para a partilha de opiniões, sem as impor, aproveitando cada momento para educar; é por outro lado muito importante que sejam capazes de demonstrar confiança e respeito pelos espaços íntimos, responsabilizando paralelamente os seus filhos pelas decisões tomadas; é por último indispensável que valorizem e estimulem, aproveitando os erros cometidos como oportunidades de aprendizagem e crescimento.

Educar para a sexualidade é educar para a vida, é promover a compreensão e apropriação de uma série de valores universais que contribuem no dia-a-dia para um crescimento harmonioso e equilibrado.

Fonte

Joana Sousa (psicóloga da APF)