Assertividade

menina faz ioga

A assertividade assume extrema importância, sendo um aspecto sobre o qual os pais deverão investir pois está estreitamente relacionada com a auto-estima da criança, sendo um escudo que a protegerá para a vida.

Contudo, os comportamentos ou competências para se ser ou não assertivo aprendem-se, tratam-se de hábitos, de padrões de comportamento. Aprende-se por imitação e reforço, isto é, através daquilo que os nossos pais, professores, amigos, meios de comunicação, entre outros, nos transmitem enquanto modelos de comportamento. Não existe portanto, uma “personalidade inata” assertiva ou não assertiva, nem se herdam características de assertividade, trata-se portanto de uma aprendizagem.

Considerando, que os mais pequenos assimilam tudo o que vêem e ouvem, formando as bases para o que mais tarde virão a ser enquanto adultos, pais, professores ou responsáveis por crianças têm a obrigação moral de as ensinar a relacionarem-se correctamente com os outros. Sendo por isso, necessário transmitir e mostrar constantemente uma atitude de abertura face ao contacto social, convidando com frequência amigos dos filhos para casa ou para passeios pois as competências sociais só se aprendem com a prática, como tal, deixemos que as crianças vivam o prazer de aprender a relacionar-se adequadamente com os demais, não se considerando melhores ou piores face às pessoas que as rodeiam.

Igualmente importante a saber defender-se, pedir ou reclamar, será a capacidade para expressar sentimentos. De facto, apesar de uma questão de máxima importância, a verdade é que, poucas são as pessoas que sabem fazê-lo. Contudo, uma expressão correcta dos próprios sentimentos revela uma auto-estima saudável, neste caso, na criança, incluindo paralelamente, a manifestação das necessidades, desejos e direitos subjacentes ao modo como a mesma vive e sente as diferentes situações.

A assertividade encontra-se assim consequentemente ligada à auto-estima, como uma competência que está estreitamente relacionada ao respeito e ao carinho que temos por nós próprios e, consequentemente, pelos outros.

Os pais devem ajudar os filhos a serem assertivos, ou seja, a desenvolverem a capacidade de auto-afirmarem os seus próprios direitos, sem se deixarem manipular.

Um estilo comunicacional claramente passivo é frequente em crianças mais tímidas ou caladas, sendo frequentemente um alvo fácil para ataques físicos ou psicológicos por parte de colegas de turma mais agressivos. A passividade é fonte de grande sofrimento, uma vez que a criança passiva não sabe defender os seus direitos e interesses pessoais. Respeita os outros, mas não se respeita a si mesmo, uma vez que coloca em segundo plano os seus sentimentos e desejos. O seu grande objectivo é ser querido e apreciado por toda a gente. Sempre que os pais adoptam uma atitude de indiferença face à passividade dos filhos, não estão a agir da melhor maneira, porque o comportamento mais adequado, o assertivo, como em geral todos os comportamentos, não se herda, aprende-se.

Numa situação como esta, é fundamental, em primeiro lugar, ouvir a criança, dando a devida importância ao problema que a preocupa. De seguida, é fundamental incentivá-la a enfrentar a situação e motivá-la, ajudando-a a encontrar várias estratégias adequadas para o fazer. Assim, acaso a técnica escolhida falhe, a criança tem outras opções às quais recorrer. O ensaio de comportamentos assertivos pode ser feito através de role-playing ou através da imaginação de situações perigosas, que se tentam enfrentar usando o pensamento. Mediante o uso destas técnicas, a criança poderá preparar estratégias de defesa. Essas estratégias poderão ser: não fugir; não chorar, não mostrar medo; pedir firmemente que a deixe em paz e tentar resolver os problemas sozinhos.

Poderá ilustrar a problemática com uma situação concreta e real de alguém que tenha passado pelo mesmo ou por algo semelhante, pois isso irá aumentar a motivação da criança no sentido de alterar o seu comportamento.

O desenvolvimento de um estilo comunicacional assertivo é algo que resulta de uma evolução que se faz passo a passo. É fundamental ter-se essa consciência para que nem os pais nem a criança criem expectativas de uma mudança rápida e radical. Os pais deverão recompensar e elogiar a criança sempre que esta tente superar uma situação difícil e não apenas quando obtenha êxito, uma vez que este pode demorar a ocorrer. Além disto, deverão ajudar a criança a sentir-se bem com ela própria, mesmo em situação de derrota. Se assim não for, ela vai passar a evitar as situações problemáticas e não vai querer tentar usar estratégias alternativas para solucionar os seus problemas.

O trabalho no âmbito da assertividade é um investimento na construção de uma boa auto-estima. Só quem possuiu uma auto-estima elevada, pode relacionar-se com os outros ao mesmo nível, reconhecendo aqueles que são melhores em determinada competência, mas sem se sentir inferior nem superior a ninguém.

Importa reter que, o facto de não permitirmos que os outros saibam aquilo que pensamos, poderá ser uma falta de consideração tão grande como não escutar os pensamentos e os sentimentos dos outros.

Fonte

Helena Coelho - Psicóloga clínica