Saber gerir o dinheiro é saber gerir a vida e, ajudar as nossas crianças a iniciar-se na “arte” da gestão financeira, tem a ver com orientações educativas genéricas como instituir regras para a vida e elogiar ou encorajar o melhor que as nossas crianças conseguem fazer delas.

Ora estas questões do dinheiro podem e devem começar a ser introduzidas após os 6 anos de idade, quando as crianças começam a aprender a contar e, sobretudo, a somar.

Uma boa ideia é começar a pagar uma semanada que evidentemente deverá ser simbólica (p. ex.: 1-2 €) e paga sempre no mesmo dia para estabelecer uma regra.

No entanto, a semanada não deverá ser tanto para gastar, mas sobretudo para poupar…

Para isto será útil oferecer um mealheiro, onde a criança poderá ter o hábito de colocar periodicamente, pelo menos uma parte da semanada, e possa ver o dinheiro a crescer.

Isto institui um rito de passagem da criança a uma idade “mais adulta”, de maior responsabilidade, o que lhe dará seguramente satisfação.

Claro que a criança só irá poupar dinheiro se tiver um objectivo, o qual deverá ser ele próprio a propor. Uma proposta comum é comprar um brinquedo no final de algumas semanas.

Para os pais, o objectivo deve ser ensinar a criança que ela deve poupar e esforçar-se por não gastar facilmente o seu dinheiro, de forma a poder ter no futuro um montante que lhe permitirá comprar algo melhor.

No entanto, para a criança de 6 ou 7 anos, será muito difícil acomodar os seus desejos imediatos por um objectivo a atingir passado meses. Assim, não vale a pena obrigá-la a poupar durante tanto tempo, sendo aceitável que o sacrifício só dure umas semanas. Se o brinquedo for mais caro e o esforço de poupança for demasiado longo, é legítimo que os pais dêem um “subsídio” para juntar às poupanças do mealheiro.

Certo é que, quando a criança comprar o brinquedo, saberá que isso teve a ver com o seu esforço, pelo que deve ser elogiada por isso. A criança deverá perceber quantas semanadas vale aquele brinquedo, para começar a ter noção do custo das coisas. Outra forma de ensinar o valor do dinheiro é explicar-lhe quantas cartas Pokemon ou bonecos Gormitis se poderiam comprar com a sua semanada.

Claro que, para incutir estes valores na criança, os pais têm de ter os devidos cuidados sobre os exemplos que dão aos filhos: será difícil ensinar uma criança a conter os seus impulsos de gastar dinheiro, se os pais não contêm os seus próprios impulsos e têm um comportamento consumista.

É também importante que a semanada não seja utilizada como arma de retaliação para punir a criança de um mau comportamento ocasional. Isto porque a semanada não deve ser considerada como algo ocasional ou conjuntural. Trata-se de um “contrato” sério e estrutural que é feito com a criança e não deve mudar com os maus humores ocasionais.

Em suma: à volta do dinheiro, estamos a ensinar as crianças a incrementar a sua autonomia, com responsabilidade, e, no fundo, a tornarem-se melhores adultos.