Contos de Fadas

desenho sapo com coroa

Muitos adultos revelam-se constrangidos em lidar com o seu lado mais imaginativo/criativo, como se esse aspecto fosse sinónimo de alguma fragilidade associada a uma conotação depreciativa. Por vezes, entendem a capacidade de sonhar como um disparate mas na verdade parecem ter medo de não serem levados a sério no seu papel de adultos.

Paralelamente, receiam que os seus filhos fantasiem em demasia e questionam-se sobre até que ponto a fantasia lhes poderá fazer bem ou não, achando que já são crescidas demais para “essas histórias” e que há que prepará-las para o mundo real.

A pressa do dia-a-dia, o desejo de que as crianças cresçam rapidamente e a ideia de que não há espaço para a magia num mundo competitivo como o nosso podem levar-nos a privar os mais novos dos contos infantis, que, para além de lhes darem asas, dão-lhes simultaneamente respostas para a vida.

Inúmeros estudos realizados, mostram-nos claramente que as fadas, as princesas e até as bruxas devem fazer parte da vida das nossas crianças e merecem todo o nosso respeito!

Com facilidade, nós adultos, podemos cair em dois tipos de armadilhas face às histórias infantis: ou tentamos amenizar a história, tornando as personagens más em figuras mais simpáticas, com o intuito de “poupar” a criança quando na verdade, estamos a privá-la de elementos importantes da realidade; ou centramo-nos apenas na questão do “felizes para sempre” e receamos estar a criar falsas expectativas nas crianças.

Ora, não devemos ocupar-nos com essas preocupações pois os contos e as histórias infantis são sábias e recheadas de todos os componentes da vida real. Até na fantasia, existem, ao longo destas histórias, personagens tenebrosas e assustadoras. E quanto a esse lado mais negro e violento dos ditos contos, os especialistas afirmam que as crianças não devem ser poupadas, uma vez que essa violência é estruturante.

E a vida é realmente isso, uma mescla de cores, muitas vezes uma alternância de preto e rosa, de alegria e tristeza, de luz e escuridão (e ainda bem!). Por isso, os contos, ao falarem do bem e do mal, estão a ajudar a criança a familiarizar-se com a própria realidade.

Os contos de fadas são muito importantes, na medida em que oferecem respostas para todas as dúvidas existenciais e angústias da infância. Além disso, pelo facto de estes contos estarem muito orientados para o futuro, estimulam a criança na busca de uma existência mais independente.

Falarmos em idades é sempre difícil, pois sabemos o quanto cada criança é particular, crescendo e diferenciando-se ao seu próprio ritmo. No entanto, segundo a opinião de Steiner (autor dos pressupostos teóricos em que se baseia a pedagogia de Waldorf), os contos de fadas são incontornáveis a partir dos três, quatro anos de idade, sendo muito importante que as crianças tenham contacto com eles, de preferência até aos 10 anos sensivelmente.

Sempre que dizemos a crianças desta faixa etária "que já são crescidas para estas histórias", estaremos certamente a cometer um equívoco!

Contar ou ler contos de fadas e estimular as brincadeiras de faz-de-conta permite à criança aprender a enfrentar o mundo usando a fantasia e o pensamento mágico, que são indispensáveis na conquista dos seus sonhos, objectivos e independência. Sem imaginação, a criança está entregue à dureza de uma mundo demasiado objectivo, circunscrito e exigente. Por isso, deixemo-las explorar um lado mais lúdico e imaginativo.